Arquitectura
de comunicações, romana. Marco miliário romano, epigrafado,
transformado em Pelourinho de pinho cónica embolada na centúria de
seiscentos ou setecentos, com soco de um degrau quadrangular e remate em
pináculo cónico, encimado por pinha.
A localidade de Bertiandos existiu sempre centrada na importância no Solar do
mesmo nome, possivelmente fundado ainda no século XV por um sobrinho-neto de D.
Nuno Álvares Pereira. Chegou a ser concelho, em 1795, mas por pouco tempo, já
que o mesmo seria extinto logo em 1835. O chamado Pelourinho de Bertiandos foi
levantado na altura da formação do efémero concelho, utilizando-se para tal um
marco miliário romano que estava no terreiro do solar. Trata-se de um marco
datado do século III d.C., fazendo parte da Via Romana que ligava Braga a Tui e
Lugo, passando, entre outras localidades, por Prado, Ponte de Lima e Paredes de
Coura (Via XIX Bracara / Lucus, conforme consta do Itinerarium Antonini).
Este monólito estava enterrado no Campo de Santo Amaro, na Feitosa,
freguesia localizada a sul de Ponte de Lima, no caminho que seguia para Braga.
Foi descoberto em 1641, no tempo de Francisco Pereira da Silva, 3º Senhor de
Bertiandos, e levado para o solar. É formado por uma simples coluna monolítica,
mais larga no topo, e possui uma inscrição latina, que permite datá-lo, cuja
tradução reza "O imperador César Caio Vero Maximino, Pio, Feliz, Augusto,
Germânico Máximo, Dácico Máximo, Sarmático Máximo, Pontífice Máximo, 5 vezes
tribuno, 5 vezes imperador, Pai da Pátria, cônsul, procônsul, e Caio Júlio Vero
Máximo, Nobilíssimo César, Germânico Máximo, Dácico Máximo, Sarmático Máximo,
Príncipe da juventude, Filho do Senhor Nosso Imperador Caio Júlio Vero Maximino,
Pio, Feliz, Augusto, restauraram as vias e ponte arruinadas com a passagem do
tempo, sendo encarregado Quinto Décio, legado de Augusto, propretor - a 18
milhas de Braga." (REIS, António Matos, 1978). De acordo com estes elementos, o
marco fora levantado entre 235 e 238 d.C..
Após a instalação no terreiro
senhorial, o marco foi acrescentado com um remate, constando de um chapéu
formado por quatro cones sobrepostos, terminando em pinha, e de uma outra
inscrição. As letras destas foram douradas no senhorio de António Pereira Pinto
de Eça, Fidalgo da Casa Real e Alcaide-Mor de Braga. Finalmente, quando as
freguesias vizinhas de Bertiandos, Estorãos e Santa Comba são constituídas em
concelho, o marco é destinado a pelourinho, e colocado diante da cadeia, junto
ao rio. Extinta a jurisdição, o monumento regressa à localização anterior,
integrado na reformulação do parque solarengo, e erguido sobre uma singela
plataforma rectangular, quase totalmente enterrada. A grimpa, constando de uma
cruz em ferro, foi retirada na altura. O marco romano possui classificação
individual, como Monumento Nacional, integrado na designação Via romana de
Braga a Tui - 14 marcos miliários, série Capela (Decreto de 16 de Junho de
1910). SML