Solar
minhoto com capela, em Ponte de Lima, cuja história remonta ao século
XV, quando Fernão Pereira e sua mulher, Maria Vasques Malheiro, o
receberam em troca do padroado da igreja de S. Tiago de Cristelo. Em
1566, Inês Pinto, nora dos primitivos donos, edifica uma torre medieval
ameada, que ainda hoje se encontra no centro do solar como símbolo da
antiguidade da casa. Esta senhora estabeleceu dois vínculos, doando-os a
cada um dos seus filhos. As duas partes mantiveram-se em disputa ao
longo de várias gerações, sendo depois reunidas através do casamento de
dois primos, em 1792. Esta separação dos vínculos levou à edificação de
casas com alas separadas junto da torre, uma das quais mais avançada. O
conjunto apresenta uma traça barroca, pelo cuidado decorativo que é
posto na fachada, mas revela, pelas soluções arquitetónicas, um gosto
maneirista. Pormenor curioso é uma seteira móvel numa das janelas sobre a
escadaria, que defendia a casa dos ataques dos bandos armados, muito
frequentes em finais de setecentos e em oitocentos. O Solar de
Bertiandos é um notável exemplo do rural barroco nortenho, concentrando
esforços no sentido de criar uma fachada dinâmica, monumental e
imponente, em oposição a um tratamento interior mais sóbrio, pesado e
austero. A torre liga-se em cada um dos lados a dois edifícios do século
XVIII, distintos mas dotados de alguma simetria, que ostentam uma
escadaria central onde se revela uma tendência típica do conservadorismo
barroco nortenho, visível no patamar superior assente sobre arcaria,
sustentada por colunas arcaizantes, a competir com uma outra influência
francesa, plasmada no amplo patamar inferior, de perfil quadrangular, à
semelhança do Paço dos Duques de Guimarães. O traçado é algo irregular,
na medida em que um dos corpos, dotado de dois torreões em cada
extremidade, é mais alto e avançado que o outro. O seu corpo central é
rasgado por uma colunata assente em bases sólidas unidas por
gradeamento, coroada por friso simples. O andar térreo é marcado pela
presença de portas e janelas de vão reto e protegidas por gradaria. Os
torreões simétricos e rematados por duplos pináculos denotam alguma
desproporção, sobretudo a nível do remate em frontão triangular das
janelas centrais. O outro corpo, também ele longo, direito e simétrico, é
formado por um núcleo central com o andar térreo marcado por dupla
arcaria, encimada por uma varanda formada por duas portas-janelas. Em
cada um dos lados deste núcleo corre uma colunata idêntica à do corpo
dos torreões, encimada por um coroamento de pináculos. Por debaixo da
varanda, o andar térreo é definido pelo conjunto de arco ladeado por
duas janelas. A fachada posterior é animada por uma varanda com
canteiros em alegrete, destacando-se desde logo as estátuas que
enquadram a escadaria que conduz ao jardim barroquizante. No interior, o
solar nortenho revela-se em sintonia com a estruturação espacial
desenvolvida no sul, privilegiando uma orgânica racional e coerente.
Destacam-se ainda as salas de cariz setecentista, a biblioteca e a
capela do século XVII. Ao contrário do exterior, cujo dinamismo é
acentuado pelo enquadramento do granito escuro, ao interior preside um
espírito mais desornamentado que recorda as atmosferas maneiristas.Está
classificado como imóvel de interesse público desde 1977.
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